SATED/DF e o Atestado Inexistente - Incomunicavelmente Azarada

Incomunicáveis

Para quem leu o último post viu que há alguns documentos que comprovam a capacidade de se exercer determinada função artísica: diploma de curso técnico/gradução, certificado de curso técnico/graduação e atestado de capacitação profissional.

Nossa heroína da última história, curiosa sobre esse último ítem, entrou em contado com o SATED/DF para saber um pouco mais. Aos que já tentaram, muitos devem ter constatado que essse sindicato é algo praticamento impossível de contactar.

Para iniciar sua busca, nossa heroína utilizou a forma mais popular e habitual de se adquirir qualquer informação: Mr Google! Apareceram vários números e o próprio endereço, então, entusiasmada, ligou no primeiro número. Esse havia sido trocado por um outro que a gravação informou. Ao ligar para o novo número foi cordialmente antedida pela gravação da central de atendimento do BRB. Ok, deixa pra lá. 

Procurou outro telefone e quando ligou ouviu apenas a informação que o número discado não existia mais. Desanimada com suas tentativas telefônicas, optou pela boa e velha conversa presencial!

Dirijiu-se ao endereço do SATED/DF (SCS Qd 1 Bl B, s/n s 1301-Asa Sul - Brasília - DF), fez o seu cadastro na portaria e subiu até o último andar. A porta do SATED não possuía nenhum tipo de inscrição/informação/aviso de ser a tal, apenas um número no cantinho: 1301. 

Apertou a campanhia e nada, apertou mais uma vez e nada, apertou mais uma vez e foi quando um funcionário do prédio informou:

- Esse povo aí tá lá embaixo. É, dessa sala aí, tá tudo no café lá de baixo. 

E sumiu.

Em pleno horário de funcionamento TODOS os funcionários do sindicado estavam "lá embaixo" tomando um cafézinho! Desceu e perguntou ao rapaz da portaria telefones de contato que funcionavam e ele a forneceu dois: 3225-1424 e 3223-8542. Como era uma sexta-feira, nossa heroína deu uma pausa em sua busca e deixou para a semna que vem.

                                                                 

O Azar

Na semana seguinte, imbuída de um espírito investigador, ela ligou para o primeiro número e foi atendidade pelo SATED/DF (vivas!!!). 

- Boa tarde. Gostaria de obter algumas informações.

- (em ton irônio) Calma, boa tarde. Qual o seu nome?

- Ah, Estrogonofobilda. 

- Boa tarde, me chamo Astrogildo. 

- Boa tarde. Gostaria de obter algumas informações sobre o atestado de capacidade profissional. 

- Não existe. Você tem que ter graduação. 

-Mas tem essa opção no sistema do Ministério do Trabalho e Emprego . 

-Não tem não. O pessoal de lá não sabe de nada, é tudo tercerizado, não faz ideia de nada. Tem que ter graduação, pela UnB, Dulcina, tem que ter!

- Sim, de ator é possível obter pela UnB, inclusive já dei entrada, mas de outras áreas, como direção?

- Que bom, tem muita gente que quer o de ator e não consegue. Contete-se com esse.  

- Mas se eu quiser tirar de outra área que tenho experiência? 

- Não tem. Tem que fazer graduação.

- Mas na UnB, só interpretação teatral e licenciatura. 

- Tem que fazer no Dulcina então. 

- Mas por que?

- Porque é LEI!

- Pode me passar essa lei, por favor?

- Para quê?
- Para verificar essa informação.
- Procure a lei e desengane-se por si mesma. Lei seismilquinhetosetrintaetrês Decreto oitocentosedoismiltrezentoseoitentaecinco**.

- Desculpa, não entendi, tem como falar com mais calma?

- Eu estou calmo, você que está nervosinha! Vá lá, com "calma": 6-5-3-3 Decreto 8-2-3-8-5.

-Mas se eu já exerço uma outra função artística num espetáculo?

-Pode exercer à vontade, só não pode colocar o seu nome. Arranje alguém que seja diretor de verdade para pôr e nome. Você que quer ser diretora de qualquer jeito, aguarde um momento. Tem como?

~10 minutos depois e muito barulho de papel mexendo~

- Vou falar bem "calminho" para você escutar direitinho: a função do diretor cênico é bla bla bla bla e suas competências são bla bla bla Tá vendo, queridinha, você não tem competência nenhuma para exercer essa função. Tem que ter graduação!

- Obrigada. 

- De nada. 

Tu tu tu tu

Nossa heroína, apesar de se sentir extremamente mal tratada e preocupada que possivelmente todos os artistas que buscam informações no SATED/DF sejam tratados assim,  não desiste! Próximo passo: e-mail!

Aguarde próximos episódios.

*Por motivos éticos utilizamos nomes fictícios, mas a história é verídica e mesmo se não somos tratados com o devido respeito, não deixamos os nossos princípios de lado. 

**Esse é o link da Lei 6.533 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D82385.htm). Nos próximos posts sobre o SATED vamos falar mais sobre ela.
***E se você já entrou em contato com o SATED/DF e foi bem tratadx, por favor nos informe para termos certeza que só foi má sorte!